domingo, 29 de dezembro de 2013

RETROSPECTIVA 2013 ( I PARTE)


 A Matéria mais acessada de 2013 teve 2.543 mil acessos, e também foi a mais acessada do mês de janeiro ela foi postada neste blog no dia 31 de janeiro de 2013 e teve uma repercussão muito grande em nossa cidade e na região. Segue abaixo

QUINTA-FEIRA, 31 DE JANEIRO DE 2013

Na tarde de ontem fui procurado pela competentíssima Médica Bruna Gimenes Rolim ,Médica Prestadora de Serviços ao Município de Nova Esperança, onde mostrou toda a sua indignação com a situação de nosso Município no quesito Saúde, a mesma deixa na data de hoje de prestar serviços a essa comunidade, porém deixa uma carta que segue abaixo, leia com atenção e veja o que vem acontecendo em nossa cidade.

Administração e Desenvolvimento da Saúde no Município de Nova Esperança

Senhor Secretário da Saúde,

            1 - O Secretário da Saúde deve ser uma pessoa mais acessível à população e principalmente aos seus funcionários da saúde, estando presente em seu gabinete grande parte do tempo, o que não acontece neste momento de transição política. De acordo com os princípios organizacionais do SUS, se preconiza a existência de um gestor em cada instância do poder público, ou seja, uma figura responsável pela articulação, administração, gerenciamento, desenvolvimento e toda a gestão inter-setorial, inter-pessoal e multi-profissional da rede de saúde, seja nos Municípios, Estados ou União. O gestor também é responsável por fazer cumprir todos os princípios do SUS – princípios estes que o nosso Secretario deve ter acesso e ter conhecimento integral.

            2 - Já no primeiro mês de trabalho, nosso Secretario da Saúde, delegou que todos os postos de saúde deixassem de ter atendimento agendado e que isto seria determinação do Prefeito do município. Ora, quais estudos foram feitos para se determinar algo tão precocemente? Há comprovações do que seria melhor para a população e a atenção primária na saúde que os Programas Saúde da Família devem exercer? Afinal, quem entenderia mais e deveria gerenciar a saúde: um Prefeito, com centenas de atribuições, ou um Secretário da Saúde, enfermeiro e que tem como única atribuição gerenciar a saúde do município? Mudanças no primeiro mês de mandato são descabíeis e completamente precipitadas, já que primeiramente o secretario deve entender bem como funciona a saúde do município em que irá iniciar seu trabalho, conhecer a população e seus funcionários. A criatividade e a inovação fazem parte do processo do SUS, porém, como vemos nas orientações do ministério da saúde: “Na maioria das vezes, o início de determinado projeto não é precedido de uma detalhada verificação da demanda de infraestrutura necessária a seu desenvolvimento. Em conseqüência da falta de planejamento e adequação dos meios e instrumentos necessários, não é raro o seu fracasso por motivos perfeitamente evitáveis. Chamar a atenção para este detalhe é uma preocupação que deve permear todas as ações de um gestor do SUS.” Se a prioridade é diminuir a demanda do Hospital Municipal, não é deixando os PSFs de portas abertas que o problema será solucionado – ressalto o nome PROGRAMA SAUDE DA FAMILIA e não PRONTO ATENDIMENTO. A população precisa ser educada e informada sobre que é emergência, o que é urgência, o que deve ser atendido em Pronto Socorro e o que deve ser atendido em PSF. Palestras, panfletos e até mesmo cartaz explicativo na porta do Pronto Socorro são alternativas utilizadas em vários municípios. A redução da demanda hospitalar de casos simples depende sim dos PSFs, já que o próprio Ministério da Saúde nos informa: “Sabe-se hoje que as ações educativas e de prevenção, aliadas aos atendimentos mais freqüentes, considerados ações da atenção básica ampliada, resolvem 85% dos problemas de saúde da população. Isso significa que o investimento na atenção básica previne o adoecimento ou o agravamento das doenças. Assim, a qualidade de vida da população melhora e tendem a diminuir os gastos com procedimentos de média e alta complexidade.” Com isso, sabemos da importância no seguimento de pacientes em conjunto com Agentes Comunitários da Saúde que visitam os pacientes e orientam agendamento de consultas quando vêem necessidade de acompanhamento com o médico da área, para ilustrar cito novamente segundo o Ministério da Saúde: “As ações educativas/preventivas e a rapidez no atendimento aos problemas mais simples, no entanto, exigem que o sistema de saúde esteja muito próximo das pessoas. O ideal é que consiga envolver as próprias comunidades. É isso exatamente que faz o PSF, por meio da Equipe de Saúde da Família e da Unidade de Saúde da Família.” Além do mais, os PSFs têm total liberdade para realizarem seus programas e determinar o próprio protocolo de atendimento de acordo com a necessidade da população que a área abrange. Já que a prioridade da atenção primária é a prevenção de doenças, rastreamento, e não o tratamento imediato de sintomatologias que se faz em um pronto atendimento, com isso, o ministério da saúde diz que “O PSF fortalece as ações de prevenção da doença, promoção e recuperação da saúde, de forma integral e contínua”, esta continuidade seria praticamente impossível na livre demanda em que nem sequer podemos agendar um retorno para seguimento do paciente. Em 2 dos PSFs que atendi na cidade, o agendamento sempre funcionou adequadamente, sendo que nunca faltou consulta a nenhum dos pacientes da área que necessitassem de atendimento, sendo atendidos até mesmo pacientes não agendados, nos casos de urgência e emergência, se necessário. A generalização de que o sistema não funciona a todos os PSFs deve ser repensada.

            3 - Médicos contratados e concursados, não devem ter distinção de tratamento, pois ambos têm a mesma formação e exercem a mesma função. Contudo, vemos que a cobrança do cumprimento dos deveres é feito de forma injusta e o Secretário da Saúde sequer conhece quem são seus funcionários, os que realmente trabalham, cobrando destes médicos empenhados o que deveria ser cobrado de outros. A punição como exemplo aos que não cumprem, é a melhor forma de se fazer valer os deveres de cada profissional. Em reunião feita na Secretaria da Saúde, apenas dois médicos do município compareceram, e esta reunião deveria ser de tal importância que a presença fosse obrigatória, e não apenas um convite, sem deixar de citar que foi agendada reunião mesmo sabendo que um dos médicos estava de férias e não poderia comparecer. Todos devem ter acesso aos seus direitos, direito de se defender pessoalmente quando é mal falado, e ter acesso aos deveres a serem cumpridos para que a
saúde funcione como se espera. É extremamente decepcionante exercer seu papel integralmente, não ser reconhecido e ainda ter de se dispor a ouvir o que deveria ser dito a quem realmente age incorretamente.

            4 - Existe a perseguição aos médicos contratados, dentro da própria Unidade de Saúde, pois os profissionais concursados (enfermeiras, etc), preferem trabalhar menos e querem prejudicar quem cumpre religiosamente com seu compromisso assumido, apesar de o médico ser elogiado pelos próprios pacientes da sua área.

            Levando-se em consideração esses aspectos, vemos a importância de um Secretário da Saúde atuante, exercendo fielmente o seu papel e se capacitando constantemente antes que qualquer cobrança seja destinada a outros cargos.

Respeitosamente,

Bruna Gimenes Rolim

Médica Prestadora de Serviços ao Município de Nova Esperança

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