A Matéria mais acessada de 2013 teve 2.543 mil
acessos, e também foi a mais acessada do mês de janeiro ela foi postada neste
blog no dia 31 de janeiro de 2013 e teve uma repercussão muito grande em nossa
cidade e na região. Segue abaixo
QUINTA-FEIRA,
31 DE JANEIRO DE 2013
Na tarde de ontem fui
procurado pela competentíssima Médica Bruna Gimenes Rolim ,Médica
Prestadora de Serviços ao Município de Nova Esperança, onde mostrou toda a sua
indignação com a situação de nosso Município no quesito Saúde, a mesma deixa na
data de hoje de prestar serviços a essa comunidade, porém deixa uma carta que
segue abaixo, leia com atenção e veja o que vem acontecendo em nossa cidade.
Administração e
Desenvolvimento da Saúde no Município de Nova Esperança
Senhor Secretário da Saúde,
1 - O Secretário da Saúde deve ser uma pessoa mais acessível à população e
principalmente aos seus funcionários da saúde, estando presente em seu gabinete
grande parte do tempo, o que não acontece neste momento de transição política.
De acordo com os princípios organizacionais do SUS, se preconiza a
existência de um gestor em cada instância do poder público, ou seja, uma figura
responsável pela articulação, administração, gerenciamento, desenvolvimento e
toda a gestão inter-setorial, inter-pessoal e multi-profissional da rede de
saúde, seja nos Municípios, Estados ou União. O gestor também é responsável por
fazer cumprir todos os princípios do SUS – princípios estes que o nosso
Secretario deve ter acesso e ter conhecimento integral.
2 - Já no primeiro mês de trabalho, nosso Secretario da Saúde, delegou que
todos os postos de saúde deixassem de ter atendimento agendado e que isto seria
determinação do Prefeito do município. Ora, quais estudos foram feitos para se
determinar algo tão precocemente? Há comprovações do que seria melhor para a
população e a atenção primária na saúde que os Programas Saúde da Família devem
exercer? Afinal, quem entenderia mais e deveria gerenciar a saúde: um Prefeito,
com centenas de atribuições, ou um Secretário da Saúde, enfermeiro e que tem
como única atribuição gerenciar a saúde do município? Mudanças no primeiro mês
de mandato são descabíeis e completamente precipitadas, já que primeiramente o
secretario deve entender bem como funciona a saúde do município em que irá
iniciar seu trabalho, conhecer a população e seus funcionários. A criatividade
e a inovação fazem parte do processo do SUS, porém, como vemos nas orientações
do ministério da saúde: “Na maioria das vezes, o início de determinado projeto
não é precedido de uma detalhada verificação da demanda de infraestrutura
necessária a seu desenvolvimento. Em conseqüência da falta de planejamento e
adequação dos meios e instrumentos necessários, não é raro o seu fracasso por
motivos perfeitamente evitáveis. Chamar a atenção para este detalhe é uma
preocupação que deve permear todas as ações de um gestor do SUS.” Se a
prioridade é diminuir a demanda do Hospital Municipal, não é deixando os PSFs
de portas abertas que o problema será solucionado – ressalto o nome PROGRAMA
SAUDE DA FAMILIA e não PRONTO ATENDIMENTO. A população precisa ser educada e
informada sobre que é emergência, o que é urgência, o que deve ser atendido em
Pronto Socorro e o que deve ser atendido em PSF. Palestras, panfletos e até
mesmo cartaz explicativo na porta do Pronto Socorro são alternativas utilizadas
em vários municípios. A redução da demanda hospitalar de casos simples depende
sim dos PSFs, já que o próprio Ministério da Saúde nos informa: “Sabe-se hoje
que as ações educativas e de prevenção, aliadas aos atendimentos mais
freqüentes, considerados ações da atenção básica ampliada, resolvem 85% dos
problemas de saúde da população. Isso significa que o investimento na atenção
básica previne o adoecimento ou o agravamento das doenças. Assim, a qualidade
de vida da população melhora e tendem a diminuir os gastos com
procedimentos de média e alta complexidade.” Com isso, sabemos da importância
no seguimento de pacientes em conjunto com Agentes Comunitários da Saúde que
visitam os pacientes e orientam agendamento de consultas quando vêem
necessidade de acompanhamento com o médico da área, para ilustrar cito
novamente segundo o Ministério da Saúde: “As ações educativas/preventivas e a
rapidez no atendimento aos problemas mais simples, no entanto, exigem que o
sistema de saúde esteja muito próximo das pessoas. O ideal é que consiga
envolver as próprias comunidades. É isso exatamente que faz o PSF, por meio da
Equipe de Saúde da Família e da Unidade de Saúde da Família.” Além do mais, os
PSFs têm total liberdade para realizarem seus programas e determinar o próprio
protocolo de atendimento de acordo com a necessidade da população que a área
abrange. Já que a prioridade da atenção primária é a prevenção de doenças,
rastreamento, e não o tratamento imediato de sintomatologias que se faz em um
pronto atendimento, com isso, o ministério da saúde diz que “O PSF fortalece as
ações de prevenção da doença, promoção e recuperação da saúde, de forma
integral e contínua”, esta continuidade seria praticamente impossível na livre
demanda em que nem sequer podemos agendar um retorno para seguimento do
paciente. Em 2 dos PSFs que atendi na cidade, o agendamento sempre funcionou
adequadamente, sendo que nunca faltou consulta a nenhum dos pacientes da área
que necessitassem de atendimento, sendo atendidos até mesmo pacientes não
agendados, nos casos de urgência e emergência, se necessário. A generalização
de que o sistema não funciona a todos os PSFs deve ser repensada.
3 - Médicos contratados e concursados, não devem ter distinção de tratamento,
pois ambos têm a mesma formação e exercem a mesma função. Contudo, vemos que a
cobrança do cumprimento dos deveres é feito de forma injusta e o Secretário da
Saúde sequer conhece quem são seus funcionários, os que realmente trabalham,
cobrando destes médicos empenhados o que deveria ser cobrado de outros. A
punição como exemplo aos que não cumprem, é a melhor forma de se fazer valer os
deveres de cada profissional. Em reunião feita na Secretaria da Saúde, apenas
dois médicos do município compareceram, e esta reunião deveria ser de tal
importância que a presença fosse obrigatória, e não apenas um convite, sem
deixar de citar que foi agendada reunião mesmo sabendo que um dos médicos
estava de férias e não poderia comparecer. Todos devem ter acesso aos seus
direitos, direito de se defender pessoalmente quando é mal falado, e ter acesso
aos deveres a serem cumpridos para que a
saúde funcione como se
espera. É extremamente decepcionante exercer seu papel integralmente, não ser reconhecido
e ainda ter de se dispor a ouvir o que deveria ser dito a quem realmente age
incorretamente.
4 - Existe a perseguição aos médicos contratados, dentro da própria Unidade de
Saúde, pois os profissionais concursados (enfermeiras, etc), preferem trabalhar
menos e querem prejudicar quem cumpre religiosamente com seu compromisso
assumido, apesar de o médico ser elogiado pelos próprios pacientes da sua área.
Levando-se
em consideração esses aspectos, vemos a importância de um Secretário da Saúde
atuante, exercendo fielmente o seu papel e se capacitando constantemente antes
que qualquer cobrança seja destinada a outros cargos.
Respeitosamente,
Bruna
Gimenes Rolim
Médica
Prestadora de Serviços ao Município de Nova Esperança
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