O professor de informática Jair Oliveira Junior, 34, da cidade paranaense de Nova Esperança (460 km de Curitiba), desenvolveu um mouse adaptado para que uma de suas alunas pudesse acompanhar melhor as aulas. Michelle Aparecida Peixoto, 27, teve paralisia infantil e apresentava dificuldades para usar o mouse tradicional. O custo do aparelho, feito com material reciclado, foi menos de R$ 50.
Há um ano e meio, o professor percebeu que a estudante tinha dificuldades para participar do curso técnico em administração e informática do Colégio Estadual São Vicente de Paula. Passados alguns meses, Oliveira decidiu pesquisar equipamentos de computação para deficientes e só encontrou peças caras.
"Nunca tinha trabalhado com pessoas como a Michele. Achei dispositivos adaptados, mas custava entre R$ 800 e R$ 1.000, valor alto demais para as condições do projeto. Falei que iria fazer um com as próprias mãos. O pessoal achou que era brincadeira, mas em três dias já estava criado o mouse", explicou Oliveira.
O professor, que faz mestrado em tecnologia da informação, detalhou o processo de criação do equipamento. Com peças velhas de impressoras do colégio, madeira doada por uma loja de móveis e pedais de máquina de costura de uma empresa do ramo, Oliveira juntou fios, roldanas e cabos em uma caixa. Os pedais funcionam como botões direito e esquerdo. "Achei a ideia muito legal. Descobri que não era eu, mas a máquina que não estava preparada para mim", disse Michele, agora animada com o mundo da informática.
Com o diploma do curso técnico conquistado no mês de junho, a estudante pretende fazer vestibular na UEM (Universidade Estadual de Maringá). "Moro com minha irmã de 17 anos e minha mãe, que não pode trabalhar porque precisa cuidar de mim. Quero fazer uma faculdade fora de Nova Esperança e ajudar as duas", planeja. A família vive apenas da pensão concedida pelo Governo Federal.
O professor conta que ficou satisfeito com o resultado e segue preparando mais uma invenção: um teclado adaptado. "Já estou montando o equipamento com base em acrílico. Tudo tem que ser de material barato. Tem que ser acessível pra quem precisar usar", afirmou Oliveira, que não pretende patentear os equipamentos: "Quero que o pessoal copie, que melhore a ideia. Precisamos mesmo é ajudar mais pessoas".
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