As imagens e os relatos sobre a atuação da Polícia Militar paranaense
no Bairro Alto são aterrorizantes. Mostram o quanto nossas forças e
segurança podem ser despreparadas, violentas e como agem contra a lei.
Tudo começa com um sujeito infringindo o Código de Trânsito. O certo
seria meramente repreendê-lo, multá-lo. Mas, para a nossa polícia,
pareceu pouco. Foi preciso fazer um cerco, machucar pessoas, humilhar,
ofender, prender.
O efetivo mobilizado mostra que tratava-se de uma emergência de alta
periculosidade. Certamente não estavam ocorrendo homicídios, assaltos ou
crimes mais graves na cidade naquele instante. A prioridade era o caso
de um sujeito de moto sem capacete.
O vídeo mostra um policial partindo para cima de um cidadão, armando o
cassetete contra ele, xingando de f.d.p. e dando a entender que vai
derrubá-lo com as armas que têm em mãos.
É isso que dá criar uma polícia que acha que bandido bom é bandido
morto. O desrespeito aos direitos civis, aos direitos humanos, que
contamina inclusive o pensamento de boa parte dos formadores de opinião,
acaba nisso.
É o tipo de pensamento que permite que as pessoas sejam agredidas
simplesmente porque a polícia pode fazer isso. É o tipo de pensamento
que leva uma pessoa a ser humilhada pela cor da pele. Uma adolescente
com deficiência a apanhar da polícia até cair.
Quando defendemos que a polícia faça isso com um, estamos
possibilitando que faça com todos. Inclusive comigo e com você. Demos
discurso, criamos a truculência, e ela está se voltando contra nós.
No começo do ano, foi um garoto de 19 anos que acabou torturado no
Uberaba. A cada passo, ouvimos histórias iguais e brutalmente graves.
Imagine o quanto se passa sem que sequer tenhamos notícia.
O coronel Bondaruk chegou com um discurso diferente ao comando da
tropa. Resta saber se será o suficiente para mudar anos de pensamento
ditatorial que criaram esse tipo de aberração que todos vemos.
Fonte: Gazeta do Povo
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