quarta-feira, 6 de novembro de 2013

CRIAMOS UMA POLICIA TRUCULENTA E ELA ESTÁ SE VOLTANDO CONTRA NÓS

As imagens e os relatos sobre a atuação da Polícia Militar paranaense no Bairro Alto são aterrorizantes. Mostram o quanto nossas forças e segurança podem ser despreparadas, violentas e como agem contra a lei.
Tudo começa com um sujeito infringindo o Código de Trânsito. O certo seria meramente repreendê-lo, multá-lo. Mas, para a nossa polícia, pareceu pouco. Foi preciso fazer um cerco, machucar pessoas, humilhar, ofender, prender.
O efetivo mobilizado mostra que tratava-se de uma emergência de alta periculosidade. Certamente não estavam ocorrendo homicídios, assaltos ou crimes mais graves na cidade naquele instante. A prioridade era o caso de um sujeito de moto sem capacete.
O vídeo mostra um policial partindo para cima de um cidadão, armando o cassetete contra ele, xingando de f.d.p. e dando a entender que vai derrubá-lo com as armas que têm em mãos.
É isso que dá criar uma polícia que acha que bandido bom é bandido morto. O desrespeito aos direitos civis, aos direitos humanos, que contamina inclusive o pensamento de boa parte dos formadores de opinião, acaba nisso.
É o tipo de pensamento que permite que as pessoas sejam agredidas simplesmente porque a polícia pode fazer isso. É o tipo de pensamento que leva uma pessoa a ser humilhada pela cor da pele. Uma adolescente com deficiência a apanhar da polícia até cair.
Quando defendemos que a polícia faça isso com um, estamos possibilitando que faça com todos. Inclusive comigo e com você. Demos discurso, criamos a truculência, e ela está se voltando contra nós.
No começo do ano, foi um garoto de 19 anos que acabou torturado no Uberaba. A cada passo, ouvimos histórias iguais e brutalmente graves. Imagine o quanto se passa sem que sequer tenhamos notícia.
O coronel Bondaruk chegou com um discurso diferente ao comando da tropa. Resta saber se será o suficiente para mudar anos de pensamento ditatorial que criaram esse tipo de aberração que todos vemos.

 Fonte: Gazeta do Povo 

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