quinta-feira, 19 de novembro de 2009

VOU-ME EMBORA PRA CAPELINHA

Vou-me embora pra Capelinha
Publicado na revista A REGIONAL 003 de Outubro de 2009
(Manuel Bandeira – Adaptação: Carlos Rigonato)
“Magnum Populi Per Voluntatem”

Vou-me embora pra Capelinha
Lá sou amigo do Rei
Lá tem cachaça da boa!
Dr. Silveira e Zanusso
Kepler e Armando Uchôa

Vou-me embora pra Capelinha
Porque lá tem caridade
A voz de Ramos Martins
Anuncia no fim da tarde:
“Glória a Deus nas alturas
Paz aos homens de boa vontade!”

Na Capelinha é outra história!
ZYS-41, a Sociedade
Tem Ramon, tem Cafezinho
Ramos Júnior e Osvaldinho
Disque Dez-Vinte
E... Ouça sua música
Nas madrugadas... Tiãozinho

Jovens manhãs de domingo
A petizada do Nicola
Vanderlei e Verinha Sanches
Mandam a tristeza embora
No fim de todas as noites
“Lampião de gás” me acalora

Lá vestirei calças da Nem
Guaranézia ou Rei do Pano
Fartarei de guaraná Nova Esperança
O melhor de todos, sem engano

Verei charretes coloridas
Com moças-damas a se abanar
Verinha, Baiana e Nézia
Que saudade de matar!
Tem Natália e Otília
Crianças que não param de chegar

Na Capelinha tem pastéis do Nakashima
Sorvete do Caçula, Watanabe, batida no Cine Bar
No Líder, Zezão, Santa Terezinha, no Bilac
É lá que vou me embriagar
No Campestre, Singers com Davi
Assim... Eu vou me acabar

Então... Ouvirei um violão, é Ramos
Nas cordas do violino, Milton... Que saudade!
Nelson, Mirate e Geraldo
Trombones ecoam pela cidade
Bentinho no acordeão
Não me acordem por caridade

Capelinha tem meninas... Mercedes, Maria Célia e Marly
Cidinha em Ci Bemol, Por quê?
Tem Regina, tem Malu, tem Glacita
Cabelos lindos cheios de laquê
Charmosas em saias plissadas
E eu menino... Jogando Bilboquê!

Vou-me embora pra Capelinha
Lá tem 7 de Setembro, 14 de Dezembro... Acredite!
Desfiles de magia... Tem fanfarra
Com Giba em seu repique
E nas tardes desses dias
No “Bela Vista”, tem piquenique

E no Cine Esperança Seu Santinho
Cobrando para entrar
Dona Joana na Bombonière, tão amável
As balinhas a entregar
Sextas feiras para nisseis
Nas segundas, mulher só na telona vai abafar

Os homens sempre elegantes
Lucca, Anselmo, Patrão
Ayrton, Lineu, Rubens, Furlan, Grespan
De camisas “Volta ao Mundo” era tanta agarração
Caneta Sheafers no bolso
Por todos... Minha admiração

Mané Antoninho e Olímpia
Padarias de pães e sonho
São Geraldo a farmácia da Rosária
Chico da Terezinha a tristeza eu transponho
Maneco e Mauricinho...
Nas Pernambucanas eu suponho


Vou-me embora pra Capelinha
Lá tem Escola Ana Rita
Élida, Norma, Nadir
Ensinam a nós a escrita
Ana Maria, Lourdina e Julieta
Esta... A minha favorita

Enquanto muitos desmatam
Gandin, Zezé e Joventino martelam
Moacir, Mário, Geraldão e Honório
Com talento remodelam
Antonio Careca e Marta
Cantando em duo, nos atrelam

O Sagrado se faz presente
Em Roldan, Ernesto, Egidio e Lauria
Tem também Irmã Luciana
Encontrá-la aqui que bom seria
Dorothéa, Emeldes, Ciríaca e Domingas
Representantes de Maria

Comprarei brinquedos e presentes
No Aurora, Paulista, Confiança ou Popular
Verei Ferrarin, Felipe e Cancian
Nossas ruas a pisar
Ouvirei Carlos Alberto
Na Rádio Nacional a nos orgulhar

Tem Estádio dos Eucaliptos, Jine e Jaú
Tem NEEC, com Walter no travessão
Tem Rosa Branca, Oliveira, Valdirzinho
Gonçalito e Gonçalão!
Tem vitória do meu time
Comercial, o campeão.

Tem também o “Nosso” Banco
Jornal o Regional de Chicão e Polidoro
Tem miss mexericando
Tem notícias, tem fofocas... Tem Santoro
A Peroba do Silveira
Na praça central onde eu namoro

Florinda e Onofra no grupão
Dona Urânia na cantina ginasial
Aquele pão com carne moída
Com tempero especial
No ACENE: Un-do-kay e Bon-o-dori
Nagatani, linda voz oriental

Lá tem ciclista noite dia pedalando
Índio pelos cabelos, segurando Fê-nê-mê
Tem trapézio, globo da morte
É muita emoção pra você
Com Prizon, Júlio, Mata-cachorro ou Pedro
Vou de táxi, só no balancê

Capelinha tem tanta gente
Que é difícil se lembrar
Mas aqui eu gostaria
De muito pouco errar
Mina dos Retalhos, Brahma de rolha
Aliança, Nonose e Utilar

Tem Piedade do seu Zé
Maximino, Miranda e Edgar
Escola Remington Frias
Datilografia a ensinar
Gustavo da linda Lúcia
Tão cedo foi nos deixar

Yamamoto, Koga, Uhemura e Nakahara
Suas filhas não se podiam namorar
Pianovski, Ponzilacqua, Bruning, Schwarzbold,
Da Europa aqui vieram ficar
A tal Casa Portuguesa, com certeza
Sapatos a nos calçar

Até João ganhando medalhas
Aqui você vai encontrar
Doce 4 em um, Bolachas Maria
Para os dentes cariar
Argemiro, Denarciso, Hota, Dário
Com o motorzinho, a nos amedrontar.

De Zacharias a Placa, Júlio o Patriarca
Salvaterra na Ivaitinga tão gentil
Silvas, Souzas, Oliveiras, Soares e Santos
No Barão e na Capelinha do Brasil

Vou-me embora pra Capelinha
Pra sonhar de novo um sonho
Na Capelinha, é outra a água, outro sol
É onde eu me recomponho
Sem veneno, tudo é mais doce
Tudo sempre é mais risonho

Na Pensão Baiana do Mané Manco ou São Francisco
Ou no Marília, Tóquio, Rio Grande ou Prudentino
Lá, quando eu estiver cansado terei
Um colchão de palha divino
Travesseiro de penas, daqueles feitos em casa
Então minha vida eu descortino

Num quarto calmo e seguro
Então descansarei
Lá sou amigo do rei
Que nunca age com desmande
Lá meu pensamento se expande
Onde “Por sua vontade, o Povo é Grande”

Um comentário:

  1. Carlinhos
    Obrigado pela força !
    Sei que também você é mais um dos apaixonados por este chão, por esta cidade tão mágica e por nossa gente. É um privilégio ter destacada em seu blog a adaptação que fiz.
    Um abraço super carinhoso.

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