Na semana passada, no município de Nova
Esperança/PR, houve eleição para decidir quem seriam os/as diretores/as das
Escolas Municipais. Na ocasião, muita gente gostou do resultado e muita gente
não gostou. Isso é comum na democracia (atual regime que vivenciamos).
O trabalho do/a diretor/a escolar é bastante
complexo e exige inúmeras capacidades de quem for exercê-lo. Sobre suas
atribuições, podemos citar que este representante da escola precisa atrelar o
trabalho pedagógico com o administrativo. E sobre suas capacidades, é
interessante mencionar que é necessário: liderança, competência, diálogo,
acolhimento, reconhecimento das diferenças. SIM, reconhecimento das diferenças.
Não é necessário mencionar que o ambiente
escolar é um dos ambientes os quais há maior diversidade?! Pois é, as escolas –
principalmente as públicas, e vamos nos reportar a elas – são instituições as
quais a diversidade humana se encontra, porém, é também um dos ambientes, a meu
ver, mais excludente que existe. Vou explicar.
As escolas, hoje em dia, visam, em sua
maioria, uniformizar as crianças e adolescentes. Não no sentido de impor
uniformes, mas no sentido de fazer com que todos/as os/as frequentadores/as das
escolas sejam iguais (em relação aos comportamentos, por exemplo). Sabemos que
a igualdade é válida quando nos referimos às Leis e Direitos, porém, querer
igualar as características humanas, ah, isso é um erro! Cada aluno/a tem suas
características peculiares: etnia, origem, religião, condição financeira,
orientação sexual. Sim! Orientação sexual. Essa é, também, uma característica
humana e que DEVE SER RESPEITADA.
Assim, outra atribuição fundamental da
direção escolar é elaborar planos diários para que as questões pedagógicas
avancem, os recursos financeiros sejam bem aplicados e, ainda, que discentes,
docentes, equipe escolar e comunidade escolar sintam suas diferenças
reconhecidas e respeitadas no âmbito escolar.
O bullying
é algo que está recorrente nos noticiários quando o assunto é Educação. Triste
realidade! Como se não bastasse a falta de investimentos, professores/as
cansados/as e doentes, falta de estrutura, ainda precisamos lidar com falta de
respeito e violência. O que isso tem a ver com o/a diretor/a escolar? TUDO! O
trabalho de aceitação ao próximo e reconhecimento das diferenças (o contrário
causa o bullying e outras violências)
precisa começar no/a diretor/a. Estes/as são exemplos e precisam, antes de
tudo, deixar seus preconceitos de lado, seja a misoginia, racismo (etnismo),
homofobia...
A Constituição da República Federativa do
Brasil (1988), junto com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDB9.394/96) primam pelo respeito ao próximo e reconhecimento das diferenças. Logo,
sugiro a quem ganhou as eleições para a direção escolar neste município (e em
outros) que se dispam de seus preconceitos e enfrentem a realidade de forma a
respeitar ao próximo.
Lembro que em nossos diplomas (digo nossos
porque também sou docente) não foi registrado: “Habilitado/a para lecionar e
trabalhar somente com crianças e adolescentes brancos/as, cristãos/ãs,
saudáveis, de classe econômica média, heterossexual”. Sendo assim, não há
restrição: é preciso tratar de forma humana (me refiro aos Direitos Humanos)
todas as crianças e todos/as adolescentes que frequentam a escola (e os/as que
estão fora da escola também): meninos, meninas, negros/as, ateus/ateias,
brancos/as, negros/as, japoneses/as, ricos/as, pobres, heterossexuais,
homossexuais, bissexuais...
A discriminação – seja por qual motivo for –
não pode ser aceita em âmbito escolar, pois essa é mais um tipo de violência.
Violência essa que “resmungamos” a cada noticiário na Tv, mas que infelizmente
pode iniciar dentro da escola, caso a equipe escolar não se organize para metas
de apreciação do respeito.
Enfim, desejo aos/às novos/as diretores/as
que realizem um bom trabalho, baseando-se sempre na premissa dos Direitos
Humanos: RESPEITO. Caso não tenham facilidade em desenvolver esta capacidade, sugiro
mudar de profissão.
MÁRCIO
DE OLIVEIRA
Pedagogo. Mestre em Educação pela
Universidade Estadual de Maringá (UEM). Professor Colaborador na Universidade
Estadual do Paraná. Doutorando em Educação pela UEM.
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